quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Labirinto

Puseram-te na porta de um labirinto, e disseram-te: “chega ao outro lado”. Com tua coragem já conhecida por mim, deu o primeiro passo rumo ao desconhecido, mergulhando de cabeça no que lhe parecia uma aventura. Via dois caminhos á tua frente, um com belas flores, onde o sol tingia de dourado o chão, e o outro, escuro e cheio de espinhos. Obviamente iria escolher o caminho iluminado, mas foste cruelmente empurrada ao de sombras. Não poderia mais voltar, então reuniu forças e seguiu em frente. Não bastou muito para perceber que não seria fácil, mas não tinha escolha. Os espinhos arranhavam-lhe a pele, mas não eram simples arranhões, parecia cortar-lhe também a alma, e as pedras, umas que tropeçava e caía, outras tão grandes que tinham de ser retiradas com muito esforço. Olhava para o céu, e não via nada, a não ser a escuridão que assombrava-lhe a mente e uma névoa cinza e gélida, que ao bater na pele, inacreditavelmente queimava. De vez em quando caía em um poço, e sem ninguém para lhe ajudar, saía sozinha, e ainda mais ferida.
E os anos passaram, com pedras, poços e espinhos. 2, 4, 6, 8...
Não via luz no fim do túnel, não via luz em lugar algum, e mesmo assim continuava vivendo, vivendo apenas por viver, mas também com certa esperança, pequena e considerável, que pousava leve no interior do seio esquerdo.
9, 10... Viu de longe algo que se mexia, leve e encantador. Então percebeu, com surpresa e felicidade, que era uma borboleta, dançando no vento. Aproximou-se, e foi inundada pelo ar puro, que trazia um cheiro doce consigo, e um calor suportável, diferente da névoa. Mas não via nada. Tudo continuava escuro e cheio de espinhos, então de repente apareceu-lhe uma mão, ela a agarrou, e a mão a puxou para um caminho parecido, mas não igual ao anterior. Esse era menos dolorido. A escuridão, as pedras e os espinhos continuavam, mas agora em menor quantidade.
A jornada da menina não acabou, e espero que não acabe tão cedo, o que posso tirar disso tudo, é que, primeiro, basta algo simples, como uma borboleta, para nos arrancar da escuridão, e segundo, esse é o curso da vida, e o final do labirinto é denominado ‘morte’.

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